A soja nos dia atuais é um dos principais produtos utilizados na alimentação animal e humana, no que tange a nutrição animal o produto é representado pelo farelo de soja, sendo classificado como principal fonte de proteína para monogástricos e poligástricos.
Além da proteína, a fibra também é nutriente essencial para os animais, principalmente os ruminantes, pois é responsável pelos processos de mastigação, motilidade ruminal, manutenção do PH ruminal, saúde animal, consumo de matéria seca, fornecimento de energia, entre outros. Ela é definida nutricionalmente como a fração do alimento lentamente digestível e fração indigestível, que ocupa espaço no sistema digestivo dos animais.
Toda vez que se adicionar grande quantidade de fibra na ração animal e esta fonte for de forragem de baixa qualidade o resultado será redução do consumo do alimento e por conseqüência menor resultado zootécnico. Ao contrario, quando a ingestão de fibra for menor que a desejada ou exigida, problemas metabólicos poderão ser ocasionados, que também causarão menor desempenho animal.
Outro aspecto é a qualidade da fibra, onde os pesquisadores Van Soest & Wine, desenvolveram um teste que classificou a fibra em fibra detergente neutro (FDN), uso de sulfito de sódio (para eliminar o nitrogênio ligado a FDN) e a -amilase (para remover o amido), e fibra detergente ácido. A FDN é toda fração composta de hemicelulose, celulose e lignina, sem considerar características físicas, como, tamanho e densidade, que influenciam diretamente na fermentação, produção de gordura do leite, mastigação,...
Frente aos aspectos expostos fica determinado a importância da fibra na dieta dos ruminantes. Para ocupar esta lacuna aparece a casca de soja, produto de excelente qualidade e baixo custo que pode ser uma alternativa frente aos ingredientes tradicionais, gerando a redução dos custos da cadeia produtora de proteínas animais.
PORQUE USAR
A casca de soja é o envoltório do grão separado do embrião no processo industrial de preparação, sendo retirada após a quebra dos mesmos. Durante o processo de obtenção da casca é necessário que esta seja tostada a fim de destruir metabólicos antinutricionais. A cada 100 Kg de farelo de soja "hipro"(alta proteína) produzido resulta em 8 kg de casca de soja.
Com relação as características nutricionais a casca de soja possui alto teor de FDN (74%) e FDA, porém baixa quantidade de lignina (2%), obtendo-se digestibilidade em torno de 90%. Segundo NRC, 1984 a casca apresenta 2,82 Mcal de energia digestível por kg de MS, sendo considerada uma fonte de energia. Muitos pesquisadores a classificam como produto intermediário entre concentrado e volumoso, semelhante ao que ocorre a polpa cítrica e resíduo de cervejaria, desempenhando papel fisiológico de fibra vegetal e funcionando como um grão de cereal em termos de energia. (TABELA 1)
A casca de soja pode chegar a 80% do valor energético do milho, além de proporcionar aos animais um valor de fibra bem acima do milho. Por esses motivos a casca pode tranqüilamente substituir volumosos de alta qualidade, sem interferir nas concentrações de acetato ruminal e teor de gordura do leite.
A alta palatabilidade unida as características nutritivas deste produto gera um ingrediente que pode ser adicionado em dietas de vacas em lactação e bovinos de corte, controlando a acidose ruminal em dietas com altos níveis de concentrados.
A inclusão de casca em dietas a base de forragem (como suplemento) gera efeitos benéficos associativos positivos, promovendo o equilíbrio da microflora ruminal, efeito não observado quando é utilizado o milho(alto teor de amido).
Em 1997, Hsu et al. verificaram que taxas de inclusão de 50 a 70% de casca de soja em dietas de cordeiros (140 e 220 g/dia) aumentaram o ganho de peso em substituição de feno de gramínea.
Em novilhos de corte, Ludden et al. (1995), substituíram milho por valores crescentes de casca de soja (0; 20; 40 e 60% da MS da dieta), concluindo que 20% ou menos de substituição não afeta no desempenho animal e proporciona menores efeitos metabólicos, além de aumentar a disponibilidade energética de outros nutrientes da dieta.
Muitos outro autores relatam que a casca pode ser substituto de alimentos ricos em amido, principalmente em dietas de vacas em lactação, devido ao efeito benéfico sobre a digestibilidade da matéria seca da dieta e na produção de leite.
Em suínos o uso da casca de soja também já é uma realidade, onde pequenas taxas de inclusão nas categorias de reprodução e terminação tem gerado resultados positivos, principalmente no desempenho e menores níveis de poluição ambiental(redução das emissões de nitrogênio).
RECOMENDAÇÕES DE INCLUSÕES:
Ruminantes
Corte: 15 a 20%
Leite: até 8%
Suínos
Crescimento e engorda: 3%
Reprodução: 12 a 15%
Poedeiras
Crescimento e maturidade: 5%
Produção: 2%
- Composição bromatológica e energética da casca de soja em base de matéria natural:
Nutriente |
Valores Médios Observados |
Matéria seca (%) |
87,94 |
Energia bruta (Kcal / Kg) |
3632 |
Proteína bruta (%) |
13,17 |
Extrato etéreo (%) |
2,49 |
Fibra bruta (%) |
34,50 |
Cinzas (%) |
3,76 |
Cálcio (%) |
0,44 |
Fósforo (%) |
0,14 |
Magnésio (%) |
0,19 |
Cobre (mg/kg) |
13,09 |
Ferro (mg/kg) |
864,96 |
Manganês (mg/kg) |
30,96 |
Zinco (mg/kg) |
53,20 |
Atividade ureática (dif. De PH) |
0,35 |
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO